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domingo, 19 de fevereiro de 2012

Chuteira quadrada: Assunção testa e avalia 'invenção revolucionária'

Calçado visa acabar com os erros de finalização no futebol. Calibrado, volante palmeirense faz gols, mas ouve piadas e reprova o invento

Marcos Assunção é dono de um dos chutes mais calibrados do futebol brasileiro. Só em 2012, o capitão palmeirense participou de dez dos 17 gols marcados pelo Verdão na temporada. Sua importância para o time alviverde é indiscutível. Mas, até que ponto a chuteira do volante interfere na precisão das batidas de falta “mortais”? Para tirar as dúvidas dos torcedores mais curiosos, o Esporte Espetacular fez o teste na última semana - com uma pequena ajuda de Antonio de Mitry, ex-professor de desenho industrial e amante do futebol.
Aos 76 anos de idade, Antonio ganhou a vida criando desde móveis para residências a peças para o setor automotivo. Inconformado com os chutes tortos de atacantes pelo mundo, no entanto, decidiu arriscar-se no ramo dos calçados: criou uma chuteira teoricamente imune aos erros de finalização. De 2006 até agora, o projeto evoluiu, e a “chuteira perfeita” está pronta e registrada. Com objetivos ambiciosos.
Pela lógica do inventor, o desenho dos modelos convencionais não combina com a bola porque ambos são arredondados. Já o calçado que ele desenvolveu tem formato côncavo na ponta – feito pra se encaixar na bola, permitindo que o jogador posicione o arremate. Pela aparência, digamos, inusitada da invenção, De Mitry ressalta que não foram poucas as piadinhas ouvidas ao longo do desenvolvimento do projeto.
– Já ouvi coisas do tipo: isso aí não é chuteira, isso é coisa de outro mundo, eu não vou usar isso. Mas sempre digo: depois de experimentar, você vai usar. Você vai ver. A chuteira faz com que os chutes sejam potencializados e direcionados – explica o inventor.
Teoria é teoria. Já a prática...
Assunção aceitou testar as chuteiras no gramado da Academia de Futebol, onde passa horas treinando os arremates ao fim dos treinamentos do Palmeiras. Pelo estilo retrô do invento, ainda teve de aguentar piadinhas dos companheiros – que brincam com a “experiência” do volante de 35 anos. Entre as brincadeiras, ouviu que o par de calçados combina com seu estilo “dinossauro”.
Apesar do bom aproveitamento nas cobranças, Assunção admite que não gostaria de usar um par de “chuteiras quadradas” nas partidas. Justamente o bico emborrachado, diferencial da invenção de Antonio de Mitry, atrapalha o jogador na hora do chute. Para não desanimar completamente o empenho no desenvolvimento da chuteira, no entanto, ele ressalta que os chutes de bico realmente saem com mais força e precisão. Nada que compense o peso e desconforto de usar um dos pares durante 90 minutos.
– Eu tenho de ter a sensibilidade no pé. Tenho de sentir a bola, para saber a força que devo colocar, a velocidade da bola. A chuteira convencional tem o bico mais fino, só pega o dedão. A gente não chuta de bico. É muito difícil imaginar dar passes, lançamentos longos, faltas e escanteios com essa chuteira. De bico é impossível... Usa-se muito pouco. Seria impossível jogar com essa chuteira. Não daria. Não tem como – completou.
Especial com Marcos Assunção, do Palmeiras (Foto: Anderson Rodrigues / globoesporte.com)Marcos Assunção faz pose, mas reprova a chuteira qudrada (Foto: Anderson Rodrigues / globoesporte.com)

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