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domingo, 4 de dezembro de 2011

Para Emerson, 'tirar' o Brasileiro do Timão seria um título para o Palmeiras

Atacante pode tornar-se o primeiro jogador tricampeão nacional consecutivo (09/10/11), por três times diferentes: Flamengo, Fluminense e Corinthians

O Campeonato Brasileiro 2011 chegou ao seu último capítulo, e apenas dois times tem a chance de soltar o grito de campeão: Corinthians ou Vasco. E, nos últimos anos, um atacante sabe muito bem o que é isso. Emerson pode tornar-se o primeiro jogador a vencer a competição nacional por três anos consecutivos, com três times diferentes: Flamengo (2009), Fluminense (2010) e, quem sabe, Timão (2011).
Mas para isso, a equipe do Parque São Jorge precisa pelo menos de um empate contra o arquirrival Palmeiras. Para o Sheik, que, suspenso, não entra em campo neste domingo, a vitória para o Verdão vale tanto quanto um título, já que o resultado pode tirar a possibilidade do Corinthians conquistar o pentacampeonato brasileiro.
O narrador e apresentador Cléber Machado entrevistou Emerson para o Esporte Espetacular. O jogador falou sobre a equipe corintiana, os títulos e o clima em 2009 e 2010, problemas com o artilherio Fred, do Fluminense, início de carreira, sonhos, apelido e se vai ficar no Corinthians em 2012.
Confira a entrevista completa com o jogador:
O Corinthians é um time muito bem montado, armado, definido, sabe o que quer. Mesmo se ele não tiver brilho coletivo e individual?
O Corinthians não é "o time", "a sensação". O Corinthians é um time limitado, mas que sabe muito bem o que quer. A gente não tem um Neymar, e conseguimos fazer o que os outros clubes não conseguem. Pegar o Ralf que marca muito bem: 'Ralf, você vai marcar. Liedson, você é o cara que vai fazer o gol'. Então eu acho que cada um dentro do Corinthians sabe muito bem o que pode fazer para a equipe e isso ajuda muito.
Mas não tem jogadores que podem decidir o jogo? Quais são, além de você?
Tem o Adriano, não tão bem como aquele Adriano que a gente conhece, que consegue decidir uma partida, como foi contra o Atlético-MG. Tem o Alex que consegue bater uma falta, como foi contra o Inter, e decidir. Tem o Liedson que é goleador e se sobrar ele vai fazer o gol. Mas a prioridade é a marcação forte, esse é o Tite falando, que lá na frente vai sair o gol. Essa é a filosofia do Corinthians.
Emerson, Liedson e Willian comemoram gol do Corinthians (Foto: Ag. Estado)Emerson, Liedson e Willian comemoram gol do Corinthians (Foto: Ag. Estado)
E a filosofia do Palmeiras?
Não deixar o Corinthians ser campeão Brasileiro. Eles não fizeram um bom ano e está aí um bom jogo que o Palmeiras pode mostrar para o torcedor palmeirense que 'opa, a gente está vivo e 2011 ainda não acabou para a gente'. Tirar um título do Corinthians é como se eles tivessem ganhando um título.
Qual o tamanho da frustração de ser suspenso e não poder jogar contra o Palmeiras?
A sensação de não poder ajudar acaba com o coração de qualquer atleta em um momento desse.
Independentemente do resultado do Brasileirão, o ano que vem é no Corinthians?
Eu quero muito, tenho mais dois anos de Corinthians. Fiz um campeonato legal e vou ter mais um título, se acontecer. Então as propostas aparecem e, inclusive, já tenho algumas. Mas a minha ideia hoje é permanecer no Corinthians.
emerson montagem flamengo fluminense corinthians (Foto: Editoria de Arte/Globoesporte.com)Flamengo em 2009; Fluminense em 2010; e agora
no Timão (Foto: Editoria de Arte/Globoesporte.com)
Você é bom de bola ou é sortudo?
Acho que sou mais sortudo do que bom de bola, né. Mas eu trabalho um pouquinho, e quem trabalha certinho alcança o sucesso.
O que um time precisa ter para ser campeão?
Ter um treinador, como nós temos, muito correto em tudo que faz. E é difícil para ele porque são jogadores de alto nível, de Seleção Brasileira, mas que não tem nenhum tipo de vaidade.
Em 2009, foi assim no Flamengo?
O Flamengo em 2009 não tinha o objetivo de ser campeão brasileiro. Acho que não era esse o pensamento. O estalo foi exatamento quando o Andrade assumiu, porque ele tinha o carinho e o respeito de todos os atletas. Então a galera abraçou com ele a ideia de brigar pelo título. Em 2009 nós jogamos pelo Andrade.
E o Fluminense em 2010?
A gente tinha um grupo competitivo, não era o melhor time do Brasil, mas com o Muricy, ele fez com que a gente acreditasse no título.
E o Fred, você teve algum problema com ele?
Em nenhum momento eu falei que existia dois grupos. Eu não falo com o Fred mais. Falava com ele na época que eu jogava lá. E no dia que houve essa confusão toda, todos os atletas foram ao meu quarto, pedindo para eu não viajar, dizendo que não jogariam, e o único que não foi foi o Fred. Eu fiquei triste porque era um cara que eu respeitava, que eu gostava e admirava como profissional - como profissional continuo admirando. Fiquei muito triste e tenho a consciência que não fiz nada.
Você é do Rio, mas começou no futebol em São Paulo. Por que o São Paulo?
Eu sou de Nova Iguaçu, que é um município do Rio de Janeiro, da Baixada Fluminense, e no bairro que eu morava eu conheci o Cláudio, que foi lateral do São Paulo e do Palmeiras. Ele era meu vizinho, eu tinha muita amizade com os irmãos dele, e ele me via jogando nos campos de várzea e me convidou para vir para o São Paulo. Eu fiz o teste com 436 crianças, com 14 anos, e só eu passei.
Vinte anos depois, o sonho se realizou? Sonho de garoto de ter uma vida mais legal e poder oferecer para sua família uma vida mais legal?
Se realizou. Eu não consigo sair daquela realidade lá de trás, lá de Nova Iguaçu. Eu não consigo esquecer Nova Iguaçu, do barraquinho onde eu morava. Eu gosto, porque eu valorizo, curto muito e faço meus filhos valorizarem tudo isso porque não veio de graça. Já levei eles lá e o Emerson não queria descer no lugar que eu morei.
Quando você veio do Qatar te chamarm de Sheik. Você gosta do apelido?
Não, eu gosto de Emerson. Recebi o apelido, carinhosamente, de um grande amigo, aqui no Brasil. Lá era brincadeira, aqui virou apelido.
O que o Emerson tem mais a conquistar?
Ser o primeiro tricampeão brasileir por três clubes diferentes, por três anos seguidos, isso é uma coisa que o garoto de Nova Iguaçu não sonhou e hoje vê que isso é real e pode acontecer. Então seria bacana para a minha carreira, ótimo contar isso para os meus filhos daqui a dez, 15 anos. Que eu sou o único ou fui o primeiro. Hoje eu só penso nisso.

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